Nesta edição, o salão reúne 24 artistas de diferentes contextos em uma exposição na qual pesquisas e poéticas, também diversas, estão organizadas a partir da questão: sobre a capacidade elástica de imaginar realidades e sugerir transformações inimagináveis, o que demonstra o compromisso do museu em desafiar as percepções tradicionais e investir na arte como meio de imaginação e fabulação – aqui vistas como um modo de agir no mundo.
No poema A suposta existência, publicado em 1945, Carlos Drummond de Andrade explora a complexidade da existência no mundo, tensionando aquilo que entendemos como real e chamando a atenção não somente para os pequenos gestos e pequenas coisas que povoam o nosso dia a dia, como também para a necessidade de pensarmos – poeticamente – nas coisas não vistas, não criadas, ou que ainda estão por ser inventadas.
Inspirada pelo gesto do poeta – e por frases do seu poema, esta exposição está organizada em quatro percursos, a partir dos quais propomos também chaves de diálogos entre os artistas e suas produções.
No eixo existe o mundo apenas pelo olhar, temos diferentes trabalhos interessados pela paisagem, pela memória e por gestos ora de visibilização, ora de dissolução da imagem. Obras que nos convocam, ainda, a pensar sobre escala e proporção, bem como sobre a percepção humana diante daquilo que persiste e daquilo que tende a desaparecer ao nosso redor.
Já em dos fragmentos, refazer a vida, são as lacunas, os retalhos, o verso da imagem, os vestígios e fragmentos do mundo, assim como as coisas e os gestos ordinários que servem de matéria para reconstruir as histórias não contadas ou mesmo apagadas pelos grandes esquemas narrativos.
Enquanto que ser inventado, mundo inventor reúne performances, pinturas, objetos e vídeos que estão povoados por pessoas e movimentos do cotidiano, atuando em contextos nem sempre convencionais, o que nos permite uma visão crítica e poética sobre as negociações envolvidas nos processos de convivência, aprendizados e trocas de saberes. Obras que nos fazem pensar, ainda, sobre nossa necessidade de imaginarmos e atualizarmos os modos de sermos e estarmos no mundo.
Por fim, coisas não testadas como coisas reúne trabalhos que desafiam nossas percepções do possível e do impossível, com obras que atualizam o debate sobre materialidades, sobre os limites do orgânico e do não-orgânico e também sobre as implicações culturais, históricas, sociais e sensoriais dos experimentos com diferentes materiais na arte.
A partir desta exposição, podemos pensar que a capacidade elástica de imaginar realidades e sugerir transformações inimagináveis adquire uma dimensão que transcende o meramente especulativo para se tornar um chamado à ação e à reflexão sobre nossas possibilidades de, transformando o impensável em real, construir mundos outros, a partir dos fragmentos, das ruínas, dos destroços e das diferentes camadas de tempo que constituem aquilo que convencionamos chamar de presente.
Curadoria / Texto Crítico
Divino Sobral
Desenvolvimento da exposição online
Sharmaine Caixeta
Lucas Ywamoto
Comissão de seleção
Divino Sobral
Gilson Plano
Marco Antonio Vieira
Marília Panitz
Comissão de premiação
Divino Sobral
Gilson Plano
Fernanda Pitta
Coordenação geral
Malu da Cunha
Coordenação executiva
Gilson Plano
Acompanhamento Técnico
Adriano Braga
Assessoria de Comunicação
Aline Borba – Seven Star
Design gráfico
Sharmaine Caixeta
Lucas Ywamoto
SAPF MABRI | Todos os direitos reservados | Desenvolvido por Sharmaine Caixeta e Lucas Ywamoto
Educadora, pesquisadora e museóloga. Atualmente é diretora de Educação do Instituto Inhotim. Atuou na concepção e gestão de programas de formação em arte e educação na Oficina Francisco Brennand (PE), Instituto Tomie Ohtake (SP), MAM Rio (RJ), EAV Parque Lage (RJ), Galpão Bela Maré (RJ), dentre outros.
Itapuranga (GO), 1989. Vive e trabalha em Goiânia (GO).
Artista visual e pesquisador. Doutor em Artes pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Suas investigações artísticas estão centradas na imagem como escrita, na poética dos arquivos, suas montagens e apagamentos dos limites entre “documento” e “ficção”. Trabalha com audiovisual, objetos, instalação, cenografia e fotografia, sem estabelecer hierarquias entre os meios. Nos últimos anos, mostrou trabalhos e colaborou com instituições em Portugal, França, Alemanha, Holanda, Uruguai e Coreia do Sul.
1962, Rio de Janeiro/RJ. Reside e trabalha em Brasília.
Pós-doutora em Artes, UBA/Argentina e Doutorado em História da Arte, UNAM/México. Artista plástica, curadora e coordenadora de coletivos de artistas. Curadora e coordenadora das residências artísticas Hospitalidade e Volante e coordenação geral da residência artística NACO.
Comissão de Premiação
Curadora, arquiteta e urbanista, atualmente é Gerente de Projetos Arquitetônicos da SECULT/GO. Do subúrbio carioca ao cerrado goiano, propõe curadorias, expografias, orientações e pesquisas sobre corporeidades, territorialidades, arte-educação, patrimônio histórico-cultural e ancestralidades urbanas.
Coordenação Artística
Artista, atua a partir da ideia de escultura, pela forma, entre a educação e gestão de programas de arte contemporânea, desenvolve pesquisa na intersecção de materialidades, ações e narrativas. Doutorando pelo programa de pós-graduação em artes da UERJ. Coordenador artístico do SAPF desde a sua primeira edição.
Curadoria
Educadora, pesquisadora e museóloga. Atualmente é diretora de Educação do Instituto Inhotim. Atuou na concepção e gestão de programas de formação em arte e educação na Oficina Francisco Brennand (PE), Instituto Tomie Ohtake (SP), MAM Rio (RJ), EAV Parque Lage (RJ), Galpão Bela Maré (RJ), dentre outros.